ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 17.08.1999.
Aos dezessete dias do mês de agosto do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e quatro
minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Paulo José Gomes de Souza, nos
termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 115/98 (Processo nº 2402/98), e do
Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo ao Senhor Henrique Fuhro, nos termos do
Projeto de Resolução nº 33/98 (Processo nº 2512/98), ambos de autoria da
Vereadora Clênia Maranhão. Compuseram a MESA: o Vereador Adeli Sell, 1º
Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; a
Senhora Margarete Moraes, Secretária Municipal da Cultura e representante do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Deputado Estadual César Busatto,
representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; a
Senhora Sônia Duro, representante da Secretaria Estadual da Cultura; os
Senhores Paulo José Gomes de Souza e Henrique Fuhro, Homenageados; a Vereadora
Clênia Maranhão, na ocasião, Secretária “ad hoc”. Após, o Senhor Presidente
convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em
continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A
Vereadora Clênia Maranhão, em nome das Bancadas do PMDB, PTB, PSB e PPS,
discorreu sobre fatos relativos à vida e à atividade profissional dos Senhores
Paulo José Gomes de Souza e Henrique Fuhro, enfatizando o talento e a abnegação
sempre demonstrados pelos Homenageados durante a realização de seus trabalhos
artísticos. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento de
correspondências alusiva à presente solenidade, enviadas pela Senhora Teresinha
Irigaray, Conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul,
pelo Deputado Federal Cézar Schirmer, pelo Deputado Estadual Onix Lorenzoni e
pelo Senhor Décio Magalhães Duarte, Supervisor da Diretoria de Atividades
Culturais da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. A Vereadora
Maristela Maffei, em nome da Bancada do PT, ressaltou a justeza da homenagem
hoje prestada aos Senhores Paulo José Gomes de Souza e Henrique Fuhro,
destacando a importância do trabalho desenvolvido pelos Homenageados para o
desenvolvimento das artes plásticas e da dramaturgia do Rio Grande do Sul e do
Brasil. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, prestou sua
homenagem aos Senhores Paulo José Gomes de Souza e Henrique Fuhro, salientando
a qualidade e a excelência do legado cultural representado pelas atividades dos
Homenageados e afirmando serem Suas Senhorias paradigmas em suas áreas de
atuação profissional e artística. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou
a Senhora Margarete Moraes e a Vereadora Clênia Maranhão a procederem à
entrega, ao Senhor Paulo José Gomes de Souza, da Medalha e do Diploma
referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, e convidou a
Vereadora Clênia Maranhão a proceder à entrega, ao Senhor Henrique Fuhro, do
Prêmio de Artes Plásticas Iberê Camargo. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra aos Senhores Henrique Fuhro e Paulo José Gomes de Souza, que
agradeceram o Título e o Prêmio recebidos. A seguir, o Senhor Presidente
convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense,
agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou
encerrados os trabalhos às vinte horas e trinta e nove minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelo Vereador Adeli Sell e secretariados pela Vereadora Clênia
Maranhão, como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Clênia Maranhão, Secretária “ad
hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos
e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada a homenagear o Ator e Diretor Paulo José Gomes de
Souza e entregar o Prêmio de Artes Plásticas “Iberê Camargo” ao Pintor,
Desenhista e Gravador Henrique Fuhro.
Convidamos
para compor a Mesa os homenageados Paulo José Gomes de Souza e Henrique Fuhro;
Sra. Margarete Moraes, Secretária Municipal da Cultura e representante do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; Dep. César Busatto, representante da
Assembléia Legislativa do Estado; Sra. Sônia Duro, representante da Secretaria
Estadual de Cultura.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.
(Executa-se
o Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão, proponente desta
Sessão Solene, está com a palavra e falará em nome da sua Bancada, a Bancada do
PMDB, e pelas Bancadas do PTB, PSB e PPS.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.(Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Agradeço a presença das pessoas que
estão aqui, compartilhando conosco desta emoção. Hoje é um dia de extrema
importância no meu trabalho, pela possibilidade de, representando Porto Alegre,
resgatar a admiração que temos por Henrique Fuhro e Paulo José. Para esta
homenagem se tornar possível, foi necessária a aprovação do Plenário desta
Casa, e para os nossos dois homenageados obtivemos a aprovação unânime dos
Vereadores presentes.
Agradeço
ao Henrique Fuhro pela aceitação imediata do convite e agradeço também pela
presença dele aqui hoje, porque ele teve um problema de saúde, e falaram que
isso ocorreu devido à emoção. Ele saiu há pouco tempo do hospital, e está
descumprindo ordens médicas, sentado ali. A energia que a gente vai passar para
ele certamente vai ajudá-lo a ter uma recuperação mais rápida.
Agradeço
a uma pessoa que foi meu canal de comunicação com o Henrique Fuhro que foi a
museóloga Miriam Avruch.
Eu
estava um dia conferindo os prêmios que esta Casa havia dado, expressando o seu
reconhecimento aos artistas plásticos da nossa terra e descobri que o nome do
Fuhro não constava nesta lista de homenageados. Fizemos esta investigação e,
mais uma vez, comprovamos que era assim. Então, procurei uma pessoa que
contatasse com o Fuhro, para que ele pudesse aceitar e estar aqui conosco,
hoje.
Eu
não acreditava que, até agora, não tivéssemos feito esta homenagem, porque,
mesmo eu não sendo gaúcha - mas virei gaúcha -, eu tinha um encantamento
enorme, especial, pelo trabalho do Fuhro, especialmente nesta fase, onde ele
incorpora, na sua expressão, a maravilha que já era o seu trabalho, da
multiplicidade das figuras humanas, dos seus quadros, as paisagens, os
instrumentos. Como não poderíamos, nós, porto-alegrenses, reconhecer o trabalho
do Fuhro, a sua capacidade de expressão ímpar, do jogo alternado das cores, da
capacidade de acoplar, na mesma imagem, o moderno e o introspectivo, e da
capacidade que o Fuhro tem demonstrado da manutenção de uma expressão de
extremo valor durante toda a sua trajetória de artista plástico?.
Se
o Brasil reconhece Fuhro, se as suas coletivas foram, desde a década de 60,
reconhecidas em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná, na Bahia, em Curitiba,
nas diversas exposições das quais ele participou; se fora do Brasil, nas
exposições do Texas, da Bélgica, de Porto Rico, os amantes da arte tinham
reconhecido Fuhro, eu não podia acreditar que Porto Alegre ainda não tivesse
dado ao Fuhro a expressão do seu reconhecimento. Então, já era tempo de
resgatarmos esta dívida.
Um
dia, eu que era fã do artista, surpreendi-me com uma pessoa que, batendo às
portas do meu gabinete, super tranqüilo, com os amuletos, que dizia: eu sou
Fuhro. Nós ficamos extremamente surpresos, porque diferente do ator, como o
Paulo José, o artista plástico não tem muita visibilidade da sua imagem
pessoal. E o Fuhro ia lá agradecer a indicação da Câmara e eu dizia a ele que
nós é que temos a obrigação de agradecer a Rio Grande, porque ele é de lá e que
permitiu que nós, porto-alegrenses, o importássemos para nós, e agradecer pela
possibilidade de poder ver a beleza que é a arte do Fuhro.
Assim,
neste dia, com este ato, quero dizer que ele tem essa simbologia no resgate de
uma história de reconhecimento, que é nacional, pela Cidade que o Fuhro
escolheu para ser sua, que é Porto Alegre que, portanto, expressa a gratidão
pela beleza do seu trabalho e nos propicia expressar publicamente esse
reconhecimento.
Eu
tive uma sorte enorme, porque eu tinha escolhido dois homenageados e eu não
sabia sequer que o Paulo José e o Fuhro se conheciam e, mais do que isso, eram
amigos, segundo me falaram, de longas datas e histórias incontáveis. Eu tinha
essa preocupação, porque, por exigência legal, eu só tinha um dia para fazer a
homenagem. Já pensou se eu cometesse a gafe de colocar duas pessoas e eles se
odiassem? Acabaria com a minha homenagem, criaria um clima horrível! Quando
investiguei, fiquei extremamente feliz, porque eu soube que eles tinham ficado
felizes com a coincidência de serem os dois homenageados neste dia e neste dia
em que Porto Alegre tem a possibilidade de dar ao Paulo José a sua filhação de
Cidadão Porto-Alegrense, porque eu acho que é um pouco isso que nós fazemos,
enquanto Vereadores, quando nós damos o título de Cidadão Porto-Alegrense, nós
damos esse passaporte de reconhecimento formal a uma pessoa que, pela sua
história, já é de Porto Alegre.
Quero
aproveitar para contar uma rápida história. Hoje uma jornalista me perguntava
por que eu escolhi Paulo José. Eu disse para ela: Por tudo, pelo ator, pelo
diretor, pela pessoa humana, pelo trabalho, pelo talento de produtor, de
diretor, ator de TV, de cinema, de teatro, de tudo. Quero contar uma história,
pela primeira vez e publicamente, agora, junto de todos e na frente do Paulo
José.
Um
dia estávamos na minha casa, eu, meu marido, o César, os meus filhos: Leonardo
e Carlos Ernesto. Temos dois filhos gêmeos e eles tinham, na época, 14 anos.
Antes de definir uma homenagem eu gosto muito de perguntar às pessoas, porque a
minha homenagem pessoal tem um significado, mas a homenagem que faço através de
meu mandato tem outro significado, porque ela tem que ter a expressão da
vontade das pessoas que me elegeram, que acreditam em mim, que confiam em mim.
Tem que ser uma expressão que representa a vontade coletiva, das pessoas com as
quais eu trabalho. Sempre converso sobre isso com a minha família, porque são
as pessoas mais próximas de mim. Eu perguntei assim: Eu gostaria que vocês me
sugerissem o nome de uma pessoa que devo homenagear. A quem eu devo prestar a minha
homenagem, dando o título de Cidadão de Porto Alegre, neste ano? Eu mal tinha
terminado de formular a minha frase e o Carlos Ernesto, meu filho de 14 anos,
disse, rapidamente: O Paulo José. Eu tomei um susto, porque é claro que sou fã
do Paulo José desde que eu tinha a idade deles, mas a gente não imagina que um
adolescente de 14 anos possa, de todos os ídolos deste País, sugerir Paulo
José. O meu outro filho Leonardo confirmou, imediatamente: Eu também acho que é
o Paulo José.
Na
hora eu pensei: Como é que vou dar um título ao Paulo José? É óbvio que ele já
deve ser Cidadão Porto-Alegrense, e mesmo que ele não fosse como eu ia
conseguir trazer Paulo José a Porto Alegre com a sua agenda, com os seus
compromissos que ele tem com o teatro brasileiro, com o cinema brasileiro, com
a TV Globo, com as suas gravações dos Cem Anos de História do Rio Grande. Mas
eu não quis desestimular. Eu disse: Olha, que maravilha, eu vou dar o título ao
Paulo José. Mas eu tinha certeza de que não seria assim.
Mas
como acredito que a gente nunca pode desistir, entrei em contato com o Paulo
José e descobri que uma das minhas assessoras era prima dele e eu contei esta
história para ela e lhe disse: Olha, eu acho que ele já tem o título, e ela me
respondeu: Acho que ele não tem e eu conheço muito o Paulo José. Paulo José é
um ator que tem uma relação pessoal com as pessoas e é uma estrela que brilha
pela sua capacidade e não pelo distanciamento que tenta criar entre ele e os
seus fãs.
Eu
liguei para o Paulo José e falei com a sua assessora e ela disse: “Que
maravilha, vou perguntar para ele.” E a resposta do Paulo José foi assim: “Que
dia você quer que eu vá?” Nós não acreditávamos que ele pudesse estar tão
disponível, apesar de todos os seus compromissos. E durante esses meses, todos
os dia o Paulo José nos surpreende. E ontem nós ligamos para a casa da família
dele para combinar o horário e eu disse: pergunte à assessoria dele como é que
a gente faz, se ele está disponível para a Imprensa e tal. E aí ele atende o
telefone e diz: “Aqui é o Paulo”. O Paulo José, pergunto? “Sim”. Então, nós
conseguimos conhecer uma faceta do Paulo José além desse lado de grande ator,
além da imagem de ídolo que todos nós admiramos: o ser humano que, apesar de
toda a idolatria nacional, de toda essa homenagem que o Brasil presta,
preservou esse aspecto fundamental nas pessoas que é a capacidade de ser sempre
uma pessoa, independente do astro, independente do sucesso. Acho que isso
também, aumentou a admiração e aumentou o meu orgulho de ter escolhido você
para o meu homenageado deste ano. Não vou falar do Paulo José, da sua história,
do seu desempenho. Nesses meses, as pessoas dizem: “Você lembra do Paulo José
que trabalhava com o Guarnieri? Você lembra do Paulo José que trabalhou com a
Ivete Brandalise? Você lembra do Paulo José quando dirigiu Incidente em
Antares?” Tudo isso a gente conhece. Mas para que falar do Paulo José, se nós
teremos o privilégio de ouvir Paulo José? Obrigada, por você ter aceito. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vereadora Clênia Maranhão.
Gostaria de saudar a presença nesta Mesa da representante do senhor Prefeito
Municipal Raul Pont, nossa Secretária Municipal de Cultura, Maragarete Moraes.
Nós recebemos alguns telegramas e cartas, pessoas pedindo desculpas, Vereadora
Clênia Maranhão, por não poderem estar aqui. Nomino rapidamente: Teresinha
Irigaray, Conselheira do Tribunal de Contas do Estado; Deputado Federal Cézar
Schirmer, da Bancada do PMDB; Deputado Onix Lorenzoni, da nossa Assembléia
Legislativa do Estado; e, ainda da Assembléia Legislativa, o Supervisor da
Diretoria de Atividades Culturais, Sr. Décio Magalhães Duarte. Nossos
agradecimentos
A
Vera. Maristela Maffei está com a palavra pela Bancada do Partido dos
Trabalhadores.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Porto Alegre realmente pode se
sentir muito feliz com essa homenagem aos seus filhados, como diz a Vera.
Clênia Maranhão, a quem parabenizo por esse gesto tão grandioso. Esta Cidade
pode sentir-se feliz não apenas por tantas qualidades que temos, mas porque
estamos saciando uma sede que, na grande maioria das vezes, sentimos, a sede
pela falta de cultura, a inconformidade pela falta da valorização da arte. Eu
acho que esse é um dos maiores pecados da humanidade, não apenas do nosso País,
pois isso acontece também em nível internacional, quando a cultura é
banalizada. Coisas tão sagradas, como esses valores, estão sendo trazidos
raramente até nós. Nós temos poucas ocasiões como esta, quando a gente liga a
televisão, durante a semana, ou pior, aos domingos. A nossa população padece
muito dessa fome de valores. Se olharmos um quadro, se olharmos uma pintura,
uma arte plástica, uma escultura, e não entendermos, mas pudermos chegar
próximo disso e discutir com o gênio que criou essas obras, com o artista, com
quem fez todo esse encanto, nós aproximaremos aquela pessoa simples, o cidadão
da vida real daquilo que o artista quer expressar. E tu - se assim me permitires,
Fuhro - estás fazendo isso com o teu gesto. Tu levantaste, tu vieste do
hospital até aqui. É bem verdade que não temos aqui uma exposição, mas tu estás
demonstrando com a tua atitude que é possível aproximar o profano do sagrado, e
o sagrado do profano. É possível que as pessoas possam ter acesso à cultura e
desmistificar aquilo que pareça ser apenas para alguns.
Lembro,
Paulo José - e foi no seriado “Xerife e Shazan” - muito claro o quanto foi
importante para nós vivenciarmos o sonho, a ilusão, porque na vida real temos
que enfrentar os problemas diariamente, e é preciso ter sonhos. Com pessoas que
têm essa capacidade de não apenas ser apenas um ator, mas que conseguem passar
a realidade através do seu gesto, através do seu encantamento, através da sua
vibração, nós podemos também vivenciar isso no dia-a-dia.
Com
muito orgulho esta Casa, com certeza, concedeu esse prêmio aos dois que aqui
estão, porque se não são nascidos em Porto Alegre, são cidadãos do mundo,
porque não são nascidos apenas para trazer algo a mais para nós,
porto-alegrenses, mas tiveram a capacidade de passar algo mais para o nosso
País, e também para fora do nosso País.
Dizia,
para finalizar, quando da entrega do prêmio ao Chico Buarque, que pessoas como
vocês conseguem passar muito mais a nossa imagem do que passa o futebol e o
carnaval - apesar de gostarmos dessas atividades, também temos o compromisso
com a arte e a cultura.
Portanto,
esta Casa e a população porto-alegrense estão muito mais enriquecidas, porque
hoje, com muita justiça, estamos homenageando pessoas que estão à altura e que
também se tornaram filhos da nossa Cidade e que vão qualificar muito mais esta
Cidade que já tem muitos valores na sua qualidade de vida, porque também vão
aproximar mais o palco com a vida. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra pelo PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Excelentíssimo Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu gostaria, Sr.
Presidente, de homenagear a família de Paulo José que aqui está presente, a
começar pela sua mãe, Sra. Carmencita Gomes de Souza; pelos seus irmãos Sr.
Antônio Cláudio e Arlindo Fábio Gomes de Souza; pelos seus primos, escritor
Blau Fabricio de Souza; Procurador de Justiça, Paulo Olimpio Gomes de Souza;
Sra. Déa Beatriz de Souza Schimitd e Leila de Souza. Também gostaria de
homenagear a família do Sr. Henrique Fuhro, nas pessoas de seus filhos aqui
presentes, Felipe Fuhro, Claudio Henrique Fuhro, Luiz Henrique Fuhro e seu neto
Francisco Nilo Fuhro, das suas noras Andréa Silveira e Vanilia Fuhro, e do seu
primo Adauto e dos seus amigos especiais: Renato Rosa, Ernesto Pereira e
Henrique José dos Santos. Desejo nesta oportunidade, representando a Bancada do
Partido Progressista Brasileiro, que tenho a honra de integrar, juntamente com
os eminentes Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, e também, segundo estou
convicto, a unanimidade do pensamento do povo de Porto Alegre, fazer coro às
homenagens que hoje aqui estão sendo prestadas a dois gaúchos de estirpe: Paulo
José, de Lavras do Sul; e Henrique Fuhro, de Rio Grande.
Paulo
José, que hoje recebe o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre, soube,
como poucos até aqui, levar a cultura do Rio Grande a todo o Brasil, não apenas
com seu trabalho pessoal como ator, mas também pela valorização que deu, com
seu talento de Diretor, especialmente à obra de Érico Veríssimo, de quem
dirigiu, para a TV, as minisséries “O Tempo e o Vento” e “Incidente em
Antares.” Sua fantástica versatilidade artística só não é maior do que sua
capacidade profissional, sua inteligência e seu carisma como pessoa humana.
Destacar-lhe uma virtude seria injustiçá-lo em relação às demais. Cobro de
Paulo José, entretanto, ter-nos dado tão poucas oportunidades, em Porto Alegre,
de apreciar, ao vivo, suas apresentações teatrais, quer como ator, quer como
diretor.
Já
Henrique Fuhro, pintor e desenhista de mérito ímpar, artista gaúcho que
ultrapassou os limites territoriais do Brasil para adquirir renome
internacional, recebe hoje o Prêmio Iberê Camargo. Nada mais justo do que
contemplá-lo com um prêmio que leva o nome do importante e destacado artista
contemporâneo que foi Iberê Camargo. Tenho a plena convicção de que, se pudesse
estar conosco, Iberê saudaria em pé a homenagem que aqui prestamos a Henrique
Fuhro, deixando-nos na séria dúvida sobre qual a maior distinção: se a de
Henrique Fuhro, ao receber o prêmio, ou se a de Iberê, em acolhê-lo entre os
que o mereceram.
Artistas
brasileiros, em toda a extensão da palavra, Paulo José e Henrique Fuhro
carregam coração de gaúcho, batendo forte e dizendo alto do seu orgulho de ter
nascido nos pampas.
Por
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que nossa Bancada se incorpora, ponto
por ponto, às homenagens que esta Casa hoje presta a Paulo José e a Henrique
Fuhro, por iniciativa da Vera. Clênia Maranhão, homenagens essas que, mais do
que uma honra prestada aos artistas, são um agradecimento aos gaúchos que
fizeram por merecê-las. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos a Secretária Municipal da
Cultura, Sra. Margarete Moraes representando, neste ato, o Sr. Prefeito
Municipal e a Vera. Clênia Maranhão para fazer a entrega do diploma do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao ator e diretor Paulo José de Souza.
(É
feita a entrega do diploma.)
O SR. PAULO JOSÉ DE SOUZA (Lê o diploma recebido.) “Diploma - O
Prefeito Municipal de Porto Alegre, de acordo com o que estabelece a Lei Nº
1534, de 1969, confere o título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre a Paulo
José Gomes de Souza por relevantes serviços prestados à comunidade. Raul Pont -
Prefeito.” Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Convido a proponente do Prêmio de Artes
Plásticas Iberê Camargo, Vereadora Clênia Maranhão, a passar às mãos do pintor,
desenhista e gravador Henrique Fuhro o seu diploma.
(É
feita a entrega do diploma.) (Palmas.)
Nada
melhor, agora, do que ouvirmos a palavra dos nossos homenageados.
O
Sr. Henrique Fuhro está com a palavra.
O SR. HENRIQUE FUHRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
autoridades, convidados, meus amigos, eu vou fazer uma coisa singela, porque
tem muitos prolegômenos. Eu queria agradecer, primeiro, a presença dos
senhores, mas, sobretudo, e esse é o primeiro grande agradecimento, à Vera.
Clênia Maranhão, que eu não conhecia e tive o prazer de conhecê-la depois de
ela ter-me indicado para receber essa distinção; em segundo lugar, aos
Vereadores, por terem aprovado esse tipo de carinho da Cidade, porque, pensando
bem, no fundo, os Vereadores são o somatório da população, e eu, que não sou
filho daqui, recebi um beijinho.
Sinto-me
duplamente honrado, porque o patrono do Prêmio é um dos maiores artistas
brasileiros, no nível de Guignard, de Portinari e de outros artistas
exponenciais, mas também foi um grande agitador cultural e uma figura singular,
como o Vereador se referiu.
Eu
não tive muito convívio com o Iberê. Não sei como ele se sente lá no céu em
relação a mim, mas ele sempre foi muito cordial, é uma figura que me é grata e
que magnifica muito, porque, sem dúvida, ele é um dos maiores artistas
brasileiros. Não sei se estou “patinando” ou “pisando no tomate”, porque não
sei me expressar muito bem e estou um pouco sensibilizado.
Renovo
todos os agradecimentos, à Vera. Clênia Maranhão, aos Vereadores, à Cidade de
Porto Alegre pela importância do Prêmio e do patrono do Prêmio. Agradeço aos
senhores e ao Criador por ter tido essa oportunidade de convivermos estes
momentos agradáveis. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O homenageado Paulo José Gomes de Souza
está com a palavra.
O SR. PAULO JOSÉ GOMES DE SOUZA: Eu me lembro do meu primeiro encontro com
Porto Alegre. A família vinha de Bagé, de carro, era noite, eu cochilava no banco
traseiro. Acordei quando entrávamos na Av. Borges de Medeiros, ao lado da Av.
Praia de Belas, e aí eu vi imponente, monumental, maior do que a Igreja Nossa
Senhora Auxiliadora e a de São Sebastião juntas, mais alto do que a Ponte Seca,
mais bonito do que a casa do meu avô, o Viaduto Otávio Rocha. Depois, pela vida
afora, vi outros espaços monumentais impressionantes a Piazza San Marco, Veneza, o Arco do Triunfo, o Coliseu de Roma, o Parlament House com o Big Ben, mas nenhum deles me fez o
coração disparar como aquela visão dos meus oito anos. O Viaduto Otávio Rocha
foi o meu primeiro alumbramento. Eu me lembro que o Pão dos Pobres ficava nas
margens do Guaíba, lá onde a Cidade acabava. Eu me lembro que a lancheria das
Lojas Americanas era o ponto chique da Cidade. Eu me lembro que tinha até
“banana split”. Eu me lembro que eu sabia de cor todas as transversais da Av.
Independência, do Colégio do Rosário a Praça Júlio de Castilhos: Rua Barros
Cassal, Rua Thomas Flores, Rua Garibaldi, Rua Santo Antônio, Rua João Telles.
Eu me lembro da Pantaleão Teles, da Cabo Rocha, American Boite, Maipu, Gruta Azul. Eu me lembro do conjunto
Norberto Baldauf, da Orquestra Espetáculo Cassino de Sevilha, do Conjunto
Farroupilha, dos Quitandinhas Serenades: (Cantarola.) “Felicidade foi-se embora
e a saudade no meu peito ainda mora...” Lembro da tristeza da minha mãe quando
emprestei o violão do meu irmão para um baiano que estava passando uns tempos
aqui em Porto Alegre. Eu me lembro que o meu violão nunca mais voltou e que o baiano
se chamava João Gilberto. Lembro do Hino Rosariense. (Cantarola.) Lembro que
Maria Della Costa era garota da capa da revista O Globo, e tinha as pernas mais
lindas do mundo. Lembro dos festivais Tom e Jerry nas manhãs de domingo no
Cinema Avenida, das matinês do Cinema Vitória, do Cinema Rex, Roxi, Imperial,
Cacique. Lembro do Mezanino do Cinema Cacique, que servia a última novidade em
gelados o Peach Melba. Lembro que todo o mundo detestava os filmes de Cecil B.
de Mille, exceto o público. Lembro que no abrigo dos bondes da Praça VX,
podia-se beber o caldo da salada de frutas, sem frutas, apenas seus vestígios,
aquela água era néctar dos deuses. Lembro do Vicente Rao, do Bataclan, do
Brique. Do Belchior, do Sr. Joaquim da Cunha, do Farolito e da China Gorda.
Lembro que pela margem direita eram o Javari, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós,
Xingu; e pela esquerda o Japurá, Negro, Trombetas, Paru e Jari. Eu me lembro
que meus professores diziam que ensinamentos como esses seriam de grande
utilidade para a vida. Lembro do irmão Ary, professor de Biologia, recusando-se
a falar da teoria de Darwin: “Quem quiser que descenda do macaco, eu descendo
de Adão e Eva”. Lembro que ele nos preparava para o vestibular de Medicina. Eu
lembro do Pervitin que a gente tomava para passar a noite estudando e tirava
nota ruim no dia seguinte. Lembro do rodouro metálico e seu jato gelado que
fazia tudo girar. Lembro do gin fizz, do
hi-fi, do Alexander, da mistura
de Coca-Cola com cachaça que levava o nome apropriadíssimo de Samba em Berlim. Lembro do footing da
rua da Praia, onde a gente exibia a camisa volta-ao-mundo, de nylon, e que diziam que iria
revolucionar o vestuário masculino. Lembro das calças de brim-coringa Far-West. Lembro que a deusa da minha rua
era a Maria Tereza Goulart, que não era ainda Goulart. Ela morava no edifício
Glória e recebia visitas misteriosas de um João, este, sim, Goulart, que era
invejado por toda a garotada da Barros Cassal. Eu me lembro do tempo em que
futebol se jogava com goleiro, com dois beques, três na linha média e cinco no
ataque e que, em geral, faziam-se gols. Eu me lembro do time do Inter,
imbatível, nos anos 50: La Paz, Florindo e Oreco; Paulinho, Salvador e Odorico;
Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Canhotinho. Eu me lembro de um tempo sem
malícia, quando o Estádio dos Eucaliptos torcia, gritando em coro:
Co-Co-Colorado, Co-Co-Colorado, Co-Co-Colorado. Eu me lembro do Café Andradas,
onde a gente ía matar aula e encontrava o Henrique Fuhro. O Abujamra, que
anunciava tragicamente: “O homem é uma paixão inútil! Mais um café, Macedo”. Eu
me lembro do Bar Matheus, na Praça D’Alfândega; da Pavesa do Treviso, da
cadeira pendurada na parede, onde sentou Chico Viola. Da sopa de mocotó
levanta-defunto, do Mercado Público; do sanduíche aberto do Bar Líder, daquela
mostarda amarela; do Galeto do Marreta e, por fim, o cachorro quente da Praça
do Colégio N. Sra. do Rosário, sem favor nenhum, o melhor do mundo.
“O
sabonete Cinta Azul / tem o prazer de apresentar / um novo filme de cawbói /
Bat Masterson, Bat Masterson”.
“Phimatosan,
/ quando você tossir, / Phimatosan, / se a tosse repetir”.
“Ela
é linda, aah! / É noiva, Ooh! / Usa Ponds, Aaah!!
Eu
me lembro do desodorante para privadas Desodor: “libera o ambiente dos odores
estranhos”; do Detefon, do espiral Boa-Noite, da cera Parquetina, da creolina
Cruswaldina, do formicida Tatu. Eu me lembro que o Jeca Tatu tinha verminose,
era pálido, maltrapilho, preguiçoso e roubado pelo patrão. E era um herói
nacional... Eu me lembro das missas rezadas em latim, dos padres de batina e do
seu indisfarçável sotaque da Colônia: “Caríssimos irmãos em N. S. Jesus Cristo!
Naquele tempo, vindo Jesus com os seus Discípulos...”
Eu
me lembro de Glostora, da Antisardina:
“O segredo da beleza feminina”; Odorono, Cashmere Bouquet: “o
aristocrata dos produtos femininos”; Lusoform Primo, poderoso desinfetante
contra frieiras, pé-de-atleta, CC - cheiro de corpo, mau hálito e após barba.
Eu me lembro de um perfume da fábrica Colibri, “Água de Cheiro Amor Gaúcho.” Eu
me lembro de Ildo Meneghetti, o candidato invencível, e me lembro de sua quase
absurda honestidade, quando declarou: “Meu maior erro foi ter derrotado Alberto
Pasqualini, ele tinha um plano de governo e eu, não”.
Eu
me lembro do 24 de agosto de 54. A morte de Getúlio se alastrando pela Cidade,
incendiando a Rádio Farroupilha, empastelando o “Diário de Notícias”,
destruindo a sede da UDN, depredando tudo que tivesse nome americano: o
Consulado, as Lojas Americanas, até a American
Boite ... Eu me lembro do P.F Gastal, criador do Clube de Cinema e que me
apresentou a alguns gênios da tela. Um deles, contava Gastal, se apresentou
para uma platéia de apenas quatro pessoas, em Berlim, dizendo: “Sou ator de
teatro, cinema; escrevo contos, programas de rádio, tevê, dirijo filmes, peças;
sou ventríloquo, ilusionista, mágico. Pena eu ser tantos e vocês, tão poucos.
Meu nome é Orson Welles." Eu me lembro do Teatro de Equipe, na Gen.
Vitorino; do Teatro de Belas Artes, na Sr. dos Passos e da Confeitaria
Atlântica, na Praça Dom Feliciano, ponto de encontro e desencontros dos
artistas; do Theatro São Pedro.
Eu me lembro que nós, Luiz
de Matos, Ivete Brandalise, Peréio, Ilda Maria, Mário de Almeida e tantos
outros trabalhávamos como diretores, cenógrafos, figurinistas, maquiadores,
contra-regras. Eu me lembro que, às vezes, eu tinha a sensação de que éramos
tantos e vocês, tão poucos ... Mas, eu me lembro que “qualquer prazer me
diverte e qualquer morena me interte”!
Eu
me lembro que a Livraria do Globo era uma loja que vendia livros... Eu me
lembro do Loxas, do Janjão, do Sunda ... Mas, sobretudo, eu me lembro do Mário,
aquele ... Eu me lembro que: “Não adianta bater, que eu não deixo você entrar”.
Eu me lembro da Emulsão de Scott; do Calcigenol Irradiado; do Peitoral de
Angico Pelotense; da Pomada Minâncora, das Pílulas de Vida do Dr. Ross: “fazem
bem ao fígado de todos nós”; do Regulador Xavier, “vive melhor a mulher”; do Pó
Pelotense; do vinho reconstituinte Silva Araújo: “V de vida, R de resistente, S
de saúde e A de alegria”. Do Rum Creosotado e dos reclames dos bondes da
Carris: “Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro que o senhor tem ao seu
lado, e, no entanto, acredite, quase morreu de bronquite e salvou-o o Rum
Creosotado”. (Palmas.)
Eu
me lembro, sempre, de não confundir capitão-de-fragata com cafetão-de-gravata.
Eu me lembro que até os craques da locução confundiam "alhos com
bugalhos". Ernani Behs, a máxima voz da rádio Farroupilha, uma noite
anunciou solenemente: “Transmitindo do alto do viadeiro Borges de Meduto...”.
Eu me lembro que: Belarmino tinha uma flauta, a flauta do Belarmino, sua mãe
sempre dizia: “toca flauta Belarmino”.
“Coelhinho,
se eu fosse como tu, tirava a mão da boca e botava a mão ...
Coelhinho,
se eu fosse como tu, tirava a mão da boca e botava a mão...”
Eu
me lembro que: “Até a pé nós iremos, para o que der e vier...”. Eu me lembro de
que não foi exatamente a pé, mas atravessando o Mundo, de avião, que o Grêmio
conquistou o Campeonato Mundial de Clubes. E até os colorados se renderam ao
show de bola do Renato, Mário Sérgio e demais heróis tricolores.
“Até
o Japão nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos ...”
Eu
me lembro que: “O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa
quando começa a pensar...”.
Eu
me lembro do Programa Maurício Sobrinho, do Clube do Guri e de uma caloura que
diziam ser a nova Ângela Maria. Eu me lembro que ela morava na Cidade Baixa e
se chamava Elis Regina. Eu me lembro de uns versos:
“Elis, quando ela canta me lembra um pássaro,
/ Mas não um pássaro cantando, / Me
lembra um pássaro voando”.
Eu
me lembro de uns quintanares:
“olho
o mapa da cidade / como quem examinasse / a anatomia de um corpo / (é nem que
fosse o meu corpo) / sinto uma dor infinita / das ruas de porto alegre / onde
jamais passarei... / há tanta esquina esquisita / tanta nuança de paredes / há
tanta moça bonita / nas ruas que não andei / (e há uma rua encantada / que nem
em sonhos sonhei...) / quando eu for, um dia desses, / poeira, poeira, / ou
folha levada / no vento da madrugada, / serei um pouco do nada / invisível,
delicioso / que faz com que o teu ar / pareça mais um olhar, / suave mistério
amoroso, / cidade do meu andar / (deste já tão longo andar!) / e talvez do meu
repouso...”
Eu
me lembro de que o Viaduto Otávio Rocha foi o meu primeiro alumbramento. Era
guri, de Lavras, chegando nesta Cidade grande. Esta Cidade me acolheu. Nela
cresci, me fiz homem, aprendi ofício. Devo isso tudo a Porto Alegre. Hoje
realizo uma fantasia de adolescência: ser porto-alegrense. Hoje, eu sou um
cidadão da Cidade que tem o Viaduto Otávio Rocha, orgulhosamente.
Agradeço
à Vereadora Clênia Maranhão, ao Ver. Adeli Sell, à Sra. Margarete Moraes, à
Sra. Sônia Dutra, por esta homenagem que me emociona, me toca no fundo do
coração. Eu sempre lembrarei disso, sempre lembrarei, e me lembrarei. Obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Permitam quebrar o protocolo neste
momento, mas, a partir dos encantos que Henrique Fuhro e Paulo José vêem em
Porto Alegre, tenho certeza de que vamos ver melhor Porto Alegre. Como
Vereadores desta Casa, após essas palavras, poderemos estar felizes, Vereadora
Clênia Maranhão, autora da feliz iniciativa para homenagear Paulo José. Os
encantos de Porto Alegre, agora nós titulamos os nossos homenageados, porque
eles mesmos são um grande um encanto.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.
(Executa-se
o Hino Rio-Grandense.)
O SR. PAULO JOSÉ DE SOUZA: Eu vou romper o protocolo, mas eu fiz uma omissão, são pessoas que
estão tão internas, mas eu precisava dedicar esta homenagem em memória de meu
pai, que faleceu há quatro semanas, à minha mãe, aos meus irmãos, a todas as
pessoas queridas da minha vida e a vocês.
O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 20h38min.)
* * * * *